A Hero, uma das maiores fabricantes de motocicletas do planeta, confirmou oficialmente a instalação de uma fábrica no Brasil. A iniciativa faz parte da estratégia de expansão global da marca indiana, que vem buscando ampliar sua presença em mercados estratégicos. A planta será construída no Polo Industrial de Manaus (AM) e deverá iniciar suas operações no início de 2026, com produção de modelos elétricos e a combustão.
A entrada da Hero no mercado brasileiro já vinha sendo divulgada após menções em documentos financeiros da empresa, e agora foi confirmada com a apresentação do projeto técnico-econômico à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Segundo os responsáveis pelo planejamento da unidade, o processo ainda está em fase inicial, aguardando a aprovação oficial para dar início à construção da fábrica.
Além de marcar presença no maior mercado de duas rodas da América Latina, a Hero pretende usar a planta como base para futuras exportações na região. A decisão de instalar a fábrica em Manaus permite que a empresa aproveite os incentivos fiscais oferecidos pela Zona Franca, modelo já utilizado por outras fabricantes do setor.
Expansão internacional da Hero
Com mais de 5,9 milhões de motocicletas produzidas em 2024, a Hero ocupa atualmente o posto de segunda maior fabricante do setor no mundo. A empresa tem apostado na ampliação de sua presença global, tendo iniciado em março de 2024 a produção de motocicletas nas Filipinas. O Brasil é o próximo o dessa estratégia, refletindo o crescente interesse das marcas indianas no mercado latino-americano.
A chegada da Hero ao Brasil também segue o movimento de outras empresas indianas, como Bajaj e Royal Enfield, que já atuam no País. O cenário favorável e o potencial de consumo tornam o Brasil um destino atrativo para fabricantes estrangeiros do setor de duas rodas.
A consultoria DDL Associados, responsável pela elaboração do projeto da Hero no Brasil, revelou que a previsão atual é de que a fábrica comece a operar cerca de seis meses após a aprovação final da Suframa. A coordenadora de projetos da consultoria, Karine Atala Frota, informou que a constituição jurídica da empresa brasileira, com a criação de um CNPJ, deverá ocorrer nas próximas semanas.
Detalhes em definição
Apesar da confirmação da instalação da fábrica, ainda há várias definições pendentes por parte da Hero. Não foram divulgadas informações sobre quais modelos serão inicialmente produzidos no Brasil, nem se a operação seguirá o regime CKD (Completely Knocked Down), modelo adotado por outras fabricantes para viabilizar a produção local com kits importados. Tudo indica que sim, será em CKD.
Outro ponto em aberto é o volume de produção inicial da planta em Manaus. Como o projeto ainda está em estágio preliminar, esses dados devem ser apresentados em fases posteriores, conforme o andamento da implantação. O que já está claro é o posicionamento estratégico da empresa: consolidar sua marca em solo brasileiro e disputar espaço com fabricantes já estabelecidas.
Hero aposta no Brasil como pilar de sua expansão
A fábrica da Hero no Brasil representa mais do que uma simples expansão física. Trata-se de uma aposta da empresa em um dos mercados mais relevantes do mundo para o setor de motocicletas. Com essa decisão, a Hero demonstra confiança no potencial do País e em sua capacidade de se tornar um polo importante para a marca.
O cenário brasileiro, embora competitivo, é promissor para novas fabricantes, principalmente com a crescente demanda por alternativas de mobilidade e o interesse cada vez maior por motos elétricas. A escolha de Manaus como sede da unidade mostra que a Hero está atenta às condições fiscais e estruturais que favorecem a produção nacional.
Panorama atual do mercado brasileiro
O mercado brasileiro de motocicletas tem apresentado crescimento significativo nos últimos anos. Em 2024, foram vendidas aproximadamente 1,83 milhão de unidades, representando um aumento de 16,5% em relação ao ano anterior. Esse crescimento posiciona o Brasil como o sexto maior mercado de motocicletas do mundo, atraindo o interesse de diversas marcas internacionais.
A Honda mantém sua liderança com cerca de 69% de participação de mercado, seguida pela Yamaha com 18%. Marcas como Shineray, Royal Enfield e Bajaj também têm ganhado espaço, refletindo a diversificação do mercado e a abertura para novas concorrentes.